Essa história, fala de dois garotos gêmeos que adoravam aprontar durante o Halloween. Edward e Edmund, ambos - obviamente - de nove anos. Faziam de tudo, desde jogar ovos em casas até matar o gato da velha senhora Williemina e fazer uma armadilha para que o sangue caísse em cima da bruxa que eles odiavam. Sim, naquele ano, aquela fora a última de suas "pegadinhas".
Seus pais já haviam se cansado de tamanha criancisse por parte de seus filhos, e decidiram uma solução para que eles se aquietassem durante o Halloween.
- Vocês estão de castigo. Não sairão de casa até aprenderem a se comportar - fora a ordem dada pelo pai dos garotos - e como eu e sua mãe temos uma festa importante para ir, vocês ficarão sob os cuidados de Williemina. Tentem ser bonzinhos para, ao menos, se redimirem com os danos que lhe causarem.
Ambos ficaram revoltados. "Maldita bruxa" praguejaram mentalmente "mas ela terá o que merece" fora a ameaça que ficara explícita no olhar em que ambos trocaram um para o outro.
- Entendemos papai - responderam em uníssono, mas, como qualquer criança peralta, nada eles haviam compreendido.
Como prometido, no dia do Halloween, a mulher ficou para cuidar deles. Continuava com a sua aparência de bruxa, os cabelos longos e desgrenhados presos em um rabo-de-cavalo baixo, embaixo dos olhos negros ficavam as mais inchadas e perturbadoras olheiras, a enrugada pele pálida, e a roupca completamente negra. Arrastando-se como se fosse um tenebroso véu.
- Espero que vocês se comportem ao menos dessa vez - foi o conselho que ela lhes dera, enquanto andava severamente de um para o outro.
Ambos deram um meio sorriso debochado.
- Vai sonhando velha! Nós vamos sair para o Halloween, e não será uma bruxa como a senhora que irá nos impedir! - exclamaram desafiadores.
A mulher então fechou a porta e a trancou com a velha chave dourada, guardando-a em seu decote, onde nunca os garotos se atreveriam à tocar.
- Não deixarei vocês sairem para lugar algum - foi a resposta da velha enquanto se sentava no sofá e ligava a televisão, pondo na novela (quem sabe Fina Estampa? xD). - Não até que me peçam desculpas.
- Nós não pediremos desculpas algumas! Seu gato satânico teve o que mereceu! - os gêmeos teimaram.
A mulher levantou o seu traseiro gordo do sofá e, pondo a mão na cintura, disse:
- Então vocês também terão o que merecem! Já para o quarto!
- Até parece! Você não manda na gente sua vaca gorda! - exclamou Edmund.
A velha não gostou do modo com que fora desrespeitada, ninguém gostaria. Eles assassinaram seu gato, sujaram-na com o sangue do bichano e ainda a xingavam com palavras vulgares? O que esses meninos mimados precisavam era de um bom puxão de orelha, e assim ela o fez.
Agarrou os gêmeos, cada qual por uma orelha, e arrastou-os até o seu quarto. Onde os empurrou para dentro e fechou a porta com força. Era uma pena que aquele cômodo só se podia ser trancado por dentro, mas a velha não teve que se preocupar com isso, eles mesmos haviam se trancado ali.
"Problema resolvido" enganou-se voltando para a novela.
Enganou-se porque, dentro do quarto, ambos disseram: Ah, mas essa velha nos paga.
Deu-se por volta da meia-noite e os gêmeos botaram a sua vingança em prática. Edward cobriu-se com um lençól branco de sua cama, fingindo ser um fantasma fajuto enquanto Edmund deu um sorriso zombeteiro.
- Eu a chamo e você a assusta - avisou Edmund.
Edward concordou com a cabeça. Ambos trocaram olhares maldosos e abriram a porta do quarto em profundo silêncio. Chegando ao topo da escada, onde Edward se escondeu atrás da pequena mureta e Edmund pôs o seu plano em prática.
Lá estava, seu alvo descançava serenamente no sofá.
Alarmado e correndo escada à baixo gritou:
- Senhora Williemina! Senhora Williemina!
A velha levantou-se do sofá em um pulo.
Edmund agarrou-lhe os braços com as mãos trêmulas e disse:
- Há algo muito estranho lá no quarto! Eu não sei o que é, parece ter pegado Edward!
A mulher não era burra. Sabia que havia algo de errado porque, primeiramente, ele lhe chamara pelo nome. Mesmo assim, resolveu que também daria um jeito de se vingar das crianças e foi até o quarto delas. Subindo as escadas, sendo seguida por Edmund.
À cada passo que a velha senhora dava, o sorriso nos lábios dele se alargava.
Até que ela chegou, ao topo da escada.
Era a deixa.
Edward saltou à sua frente e ela tomou um susto, perdeu o equilíbrio do degrau e rolou escada àbaixo. Seu corpo batendo ruidosamente em cada pequeno degrau enquanto as duas crianças riam do sucesso de seu plano. Porém, o inesperado aconteceu.
Quando o seu corpo caiu no primeiro andar, a cabeça virou-se em um ângulo grotesco e impossível. O pescoço se quebrara e a velha senhora Williemina tivera o fim de sua vida ali, no primeiro andar da casa dos Lokwood.
... Um Ano Depois...
Uma brincadeira de Halloween com a bruxa da cidade acabara em tragédia e os garotos ocultaram a verdade para salvar as suas peles. A versão mantida era que Williemina perdera o equilíbrio e rolara escada abaixo por descuido dela própria.
Aquele triste incidente serviu-lhes para lhe dar uma lição: existem brincadeiras saudáveis e brincadeiras que podem tirar vidas. Nunca os garotos se viram como assassinos, mas essa peso agora era quase presente em suas vidas. Nunca mais houve um Halloween como antes.
Um ano depois do incidente, os garotos se viram sozinhos em casa. Pelo bom comportamento dos dois ultimamente, seus pais decidiram que eles já tinham idade e maturidade para ficarem sozinhos em casa sem pôr fogo em nada.
- Edmund, eu nunca pensei que nossa casa pudesse ficar tão assustadora quando estamos sós - admitiu Edward, com medo.
- Nem eu - confessou o seu irmão. - Mas vai ficar tudo bem, vamos ver um filme, fazer pipoca e dormir.
Assim o fizeram. A pipoca estourou no micro-ondas, ambos viram um filme de comédia e adormeceram no sofá sem muitos problemas. Mas a alma da Williemina reinava inconformada no submundo.
- Ahh! - gritou Edward, acordando Edmund.
- O que foi? - perguntou o outro gêmeo.
- Tive um pesadelo... com a Willie...
*toc toc* Houve um bater inquietante na porta da casa. Forte e impetuoso. Ambgos trocaram olhares assustados e se agarraram um no outro.
- Quem é? - indagou Edward apavorado.
A resposta foi outro bater na porta, mais impaciente e insistente.
- Quem é?! - perguntou Edmund.
A resposta veio depois de um tempo.
- Edward, Edmund, é a mamãe. Abram a porta. Eu e seu pai esquecemos a chave - respondeu.
Ambos suspiraram alíviados. E se levantaram do sofá e abriram a porta, porém, para as suas surpresas, não era a sua mãe. Parada enfrente à porta, com a roupa negra e sombria, as mesmas expressões assustadoras e segurando uma foice em sua mão, estava Williemina.
- A hora de vocês chegou moleques! - exclamou erguendo a foice.
- Ahh! - ambos gritaram e fecharam a porta, onde a lâmina afiada encravou-se na porta.
Ela não se deu por satisfeita, e tirou a foice para encravá-la mais uma vez na porta. Os garotos contaram até três e soltaram a porta, correndo para o andar de cima. Ela foi atrás. Estilhaçando a porta e flutuando agilmente atrás dele, gritando ameaça e injúrias.
Ela alcançou Edmund no último degrau da escada.
- Minha vingança! - ela exclamou segurando sua perna e puxando-a.
O garoto gritou e caiu rolando escada abaixo. Tendo o mesmo fim trágico do que a velha senhora. Edward trancou-se no quarto e escondeu-se debaixo de suas cobertas. "Isso é um pesadelo, é um pesadelo..." repetiu-se para si inúmeras vezes.
Porém, não deu certo.
Ela estilhaçou a porta e puxou o seu lençol. Deliciou-se com o pavor na cara do menino que ajudara o irmão a lhe tirar a vida.
- O último - declarou erguendo sua foice...
... E descendo-a impetuosamente.
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Baseado em um episódio de Gakkou No Kadain (Histórias de Fantasmas) cujo o nome do fantasma era Babasare:
É um fantasma que aterroriza apenas crianças que sentem medo facilmente, o que significa que ele não aparece para adultos ou para crianças corajosas como Momoko. Ele sempre traz uma foice consigo e tem o poder de alterar a realidade. Ele foi um dos poucos que não foi exorcizado, apenas desapareceu. Pode alterar sua voz para a voz do pai ou da mãe da criança que vai assustar. Parece a morte, com um pano por cima de seu corpo esquelético, e carrega uma foice que pode cortar tudo.
Beijos,
EUQOPÉ-ELLE3