Histórias.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Futuro... algo do qual ela quer fugir.

Cover by Vincent


--> Nesse conto eu vou fugir muito da paranormalidade. É bem curto e eu resolvi colocar porque eu não tinha nada pronto (Steeve, minha queda de criatividade, apareceu xD) e também porque é algo que eu escrevi para desabafar sobre a minha obscura visão da adolescência.
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O vento gélido parecia beijar a sua nuca à mostra pelo coque em que ela prendeu seus cabelos castanhos e ondulados. A cidade estava com uma misteriosa “névoa” de poluição pairando sobre ela, e a garota a via do sexto andar de seu prédio, no seu apartamento. Era raro, na cidade dela, haver ventos gélidos, mesmo que com o sol recém-nascido brilhando no horizonte, por volta das sete horas da manhã.

Levou a xícara com o seu achocolatado à boca enquanto se sentava no banco posto por seus pais na sacada do apartamento. Suas pernas estavam apoiadas em uma cadeira ao redor de uma mesa circular cujo tampo estava ocupado com a orquídea arroxeada de sua mãe.

Ela, a sua progenitora, deveria estar acordando a sua segunda irmã mais velha enquanto se arrumava para o seu árduo trabalho como gerente bancária, enquanto ela já havia lhe ajudado à despertar o seu irmão gêmeo.

Anabelle levou o lápis ao diário e começou a escrever.

Os dias têm sido incrivelmente melancólicos para mim ultimamente.

Talvez seja por conta do jantar de família em que discutimos sobre o meu futuro. Odiava isso. Falar sobre o meu futuro. Eu sei o que eu quero de meu futuro, isso não é o suficiente? Pensei que eu tivesse a minha vida em minhas mãos, mas talvez eu nunca a tenha. Agora, enquanto eu olhava para as grades negras de minha sacada, eu percebia que eu nunca tivera a chance de decidir a minha vida, talvez fosse pela minha mania de não aceitar bem as criticas dos outros.

Tudo começou com uma simples pergunta: O que você quer ser quando crescer?

Sim, essa é a pior pergunta que qualquer adulto é capaz de fazer.

Eu poderia ter respondido inúmeras coisas, os universos eram tão vastos! Eu sempre fui uma razoável desenhista, uma amante da escrita e da literatura, uma amante da dança e da música – principalmente... Mas parecia que tudo isto estava longe do que meus pais queriam para mim.

Eles queriam que eu pendesse para a arquitetura, design de interiores, que eu cursasse modas... Acho que eu senti um pouco da decepção que minha família sentiu quando eu disse que queria cursar Artes Plásticas.

Artes Plásticas? Você pode fazer tantas coisas! Ninguém respeita quem faz Artes Plásticas, não se precisa de um diploma para desenhar. Você vai morrer de fome!” quem comentou isso, foi a minha irmã mais velha número um: Louise.

Foi tão insensível de sua parte, que ela parecia estar me criticando. Como eu nunca fui de comprar briga, nem de retrucar o que os outros falam. Só me restou ficar acumulando aquilo para dentro de mim. Como, aos poucos, passara a ser acumulado.

“Então quem sabe letras? Eu gosto de escrever e poderia me tornar uma escritora... tentei inutilmente.

“Também não se precisa de diploma para se escrever! Qualquer um pode escrever, é como jornalismo. Qualquer um pode ser jornalista! Você também vai morrer de fome!” ela respondeu em toda a sua “delicadeza” de um ogro.

Eu não sabia se eu me sentia ofendida com seus comentários. Quer dizer ela já lera um dos meus contos postados em um site de fanfics e ela me achava tão ruim à ponto de ninguém se interessar pelo que eu tenho à contar? Talvez, ela não o dissesse com a intenção de me magoar ou me machucar... Mas, isso doeu mesmo assim.

Também não retruquei, apenas empurrei tudo para aquele lugar que eu não sabia que existia. Um lugar em que começara a ficar abarrotado de sentimentos rancorosos guardados.

“Então talvez eu queira ser cantora ou musicista... eu tentei quase desesperada.

“Anabelle, eu já te ouvi cantando e é uma porcaria. Nem com aulas de canto você cantaria melhorzinha. Nós não vamos muito longe se você continuar assim” foi sua resposta “graciosa”.

Minha mãe falou alguma coisa que eu não ouvi. Estava ocupada de mais sentindo o estilhaçar de cada sonho meu infantil estilhaçar. Sim, crianças, o mundo dos “grandes” é um mundo cruel. Sorte tem aqueles que conseguem viver bem com o que gostam. Tarcila do Amaral? Sorte a dela de viver como pintora e ter o trabalho reconhecido. J.K. Rolling? Sorte e talento dela viver como a ótima escritora que é. Esses cantores com Lady Gaga e Byoncé? Sorte a deles.

Eu descobri que eu teria uma medíocre vida normal e morreria sem fazer nada com que eu pudesse me orgulhar. Por isso, para aliviar a minha barra, eu disse:

“Então eu vou ser médica”.

A expressão de satisfação de todos foi algo impagável. Fez-me sentir algo bom e ao mesmo tempo algo ruim. Médica? Sério? O Curso de medicina é muito puxado, onde você vai arrumar tempo para escrever? Como você vai conseguir viver em seu mundo de fantasia e faz de conta se todos os seus dias serão baseados apenas na ficção científica?

Eu não sabia, só sabia que agora eu sabia o que ia fazer...

E certamente não era o que eu havia planejado para mim.

Estou apenas no primeiro ano, porque estou sofrendo por tudo isso? Não sei, porque a cada geração que passa, os adultos querem sempre mais de nós. Querem que sejamos gênios. Arrumam compromissos cada vez mais cedo, enquanto lentamente amadurecemos mais rápidos do que previmos. Já vi garotas de dez anos, agindo como adultas, realmente, as crianças são burras. Porque, enquanto queremos voltar no tempo e viver naquele mundo doce e colorido, elas querem conhecer uma realidade amarga e monocromática.

- Vamos? – sua mãe lhe chamou para irem à escola.

Anabelle concordou com a cabeça e peguei o meu material escolar.

Futuro... Certamente é algo do qual ela queria fugir.

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Beijos,
EUQOPÉ-ELLE3

Um comentário:

  1. Não vim falar dessa história e sim de Tell Me The Secret Of Malice.Primeiro:Não sei porque motivo,ou problema você não posta o último capítulo.Segundo:Eu estou cansada de espera,sabe porque toda sexta eu entro no nyah só para ver se foi postado.E eu não tenho o maior tempo do mundo.
    Obrigado se houver compreensão.

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